
Há poucos dias, em conversa com uma amiga ilustradora, senti-me compreendida ao ouvi-la confessar que se sentia frágil e desenquadrada neste mundo veloz e aguerrido. Tantas coisas a comoviam durante o seu dia fazendo-a rir ou chorar, parecia conseguir ver tantas coisas aparentemente invisíveis aos olhos alheios... e no fundo sentia-se a pessoa mais tonta do mundo! Como se lhe faltassem requisitos para ser alguém melhor, mais na moda, mais actualizado, mais atrevido, divertido, cool, etc... Disse-me "Às vezes penso que a vida seria mais fácil se eu fosse mais seca!"
Eu por entre o choque, porque a admiro imenso, vi o meu reflexo! Eu sou assim e não percebo...
Enquanto a ouvia só pensava "que disparate, não entendes que é toda essa sensibilidade que te faz estar perto do mundo, das emoções, sem filtros e defesas; é isso que te permite ser especial e criar coisas lindas" e finalmente quando fui capaz de o dizer em voz alta ela ouviu e eu também ouvi!
Estarmos sensíveis às pessoas e ao mundo tem tanto de benção quanto de maldição, mas depois de saber o que sei não quero ser diferente.
Hoje quando fui comprar a senha para o Passe Social, à mesma loja de sempre a que vou desde que sou gente, o simpático senhor que conheço há 20 anos tinha um brilho angustiado nos olhos, estava trémulo... não tinha a senha para mim. Foi roubado ontem por dois sujeitos, um com uma caçadeira, enfiaram-no na arrecadação e trataram-no mal... no dia em que não chorar por isto não me reconhecerei!!
Nice